segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cor de coração

Nas ruas ela só via carrinhos de bebê, mães amamentando, crianças lhe sorriam. Ela estava se achando estranha e ainda mais desconfiada depois de sonhar com tanta veracidade que seria mãe. Seria um aviso? Seria verdade? Deitada em sua cama, tocou o ventre pela primeira vez com aquela intenção, a de sentir se havia uma vida ali e ficou imaginando como seria se realmente houvesse. Em poucos minutos adormeceu e sonhou com sua vida no futuro, 30 anos, casada, trabalhando em sua área tão almejada, filho correndo pela casa. Ele tinha os cachinhos herdados pouco do avô, pouco do pai, cabelos dourados herdados da mãe, olhos cor de mel, mistura dos pais. O menino corria para abracá-la e como num lapso de verdade, seus olhos se abriram repentinamente e encararam o teto branco do seu quarto.
Tinha medo que seu sonho fosse um preview do futuro porque não queria de maneira alguma estragar os planos do namorado de se formar e ser o profissional renomeado que sonhava em ser. Mas e porque aquele sonho lhe parecia tão bom? E porque os sonhos dela deviam demorar mais do que qualquer outro de qualquer outra pessoa? E porque tanto medo? Não dizem que tudo se ajeita? Será que tudo iria mudar? E as mudanças seriam melhores ou não?
Tantas dúvidas pairavam por sua mente, resolveu ter certeza. Foi até à farmácia da esquina e comprou um teste de gravidez. Deveria esperar 30 minutos até ter certeza da resposta, mas não conseguiu esperar. Jogou o teste no lixo e resolveu viver. Seja o que a vida quiser, que seja o que o destino escolher para mim!

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