terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cadê meu ar?


Estou sozinha nesse mundo de inocentes maldades, de displicência, de inconveniência. Estou presa dentro da minha própria bolha de ar e mesmo dentro dela sinto dificuldade de respirar. Prendo dentro de mim tudo que eu deveria deixar sair, engulo tudo a seco. Nem em lágrimas mais consigo explodir, elas saem uma por uma em fila para mostrar que cada uma representa uma dor escondida. Cada mágoa que guardo no meu coração tenta explodir para fora dele a cada pôr-de-sol, a cada nascimento de uma nova noite, uma nova noite de solidão, de dor, de lágrimas escondidas por trás de um sorriso amarelo. Ouço novamente aquela maldita frase dizendo que pareço tão bem que não transpareço minhas dores. Há quem veja por trás das máscaras, há quem enxergue tudo nitidamente, mas normalmente prefere se omitir. Não há uma maneira possível de arrancá-las. Talvez seja uma alternativa encontrada para enganar-me reflexivamente de que tudo está bem, de que tudo ficará bem. Tenho coragem de viver nesse mundo ainda? Enquanto não encontro uma resposta plausível essa dor de garganta de palavras escondidas domina meu ser.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fluxo de consciência II


Ok, isso pode soar triste, depressivo e o caralho a 4, mas eu não to mais aguentando guardar isso pra mim, tá foda, foda mesmo. É horrível esconder isso tudo por trás de sorrisos e gracinhas e aposto que se eu não falasse nem mesmo quem me conhece bem saberia o que eu to sentindo, porque apesar de tudo eu sei esconder bem quando eu quero. Bom, o negócio é o seguinte, digam o que quiserem e eu não mudarei minha opinião: minha vida está uma merda. Faz mais de um mês que tudo dá errado e a cada dia piora mais. Não estou nem aí pro que possam pensar porque sempre fui assim, mas eu penso às vezes em como seria melhor não viver. É, eu penso na morte, e daí? Há dois anos atrás já tentei me matar e pouca gente sabe(ia) disso, sinceramente dizem que é covarde quem se suicida porque não tem coragem de viver nesse mundo, mas PUTA QUE PARIU, vai se fuder, com a vida que eu to tendo nem se eu tivesse toda coragem no mundo deixaria de me abalar. E não adianta dizer: a vida é bela, olha o lado bom e porra qualquer dessas, vai se fuder, tu não tá passando o que eu to passando e não sabe na pele como é. Eu sei que poderia ser bem pior, mas acho que se fosse pior eu me sentiria melhor, é sério. Eu sinto as coisas mais pelos outros do que por mim e isso me afeta demais. Sei lá, eu sou assim e não sei explicar direito isso. E não tem quem possa me ajudar. Ultimamente ando perdida, presa no meu mundo de Alice e afasto quem quiser chegar perto. Meu mundo é só meu e não gosto de dividi-lo com ninguém, porque na verdade ninguém me entende e ninguém me entenderia se eu tentasse explicar. Não que eu não tenha tentado, tentei, mas as pessoas mais se assustam do que se sensibilizam e isso tanto dói quanto, talvez no meu mundo imaginário, é um orgulho. Tenho meu próprio mundo e agora, o que faço com isso? Talvez os habitantes dele sejam minhas várias personalidades, meus vários jeitos de ser, cada momento de uma forma. E as alegrias desse mundo, as diversões dessas pessoas são as pequenas depressões que as músicas, os poemas, os textos, as melancolias, as artes trazem. Talvez possa ser doentio ser “feliz” com depressões, mas esse é meu jeito e não há como mudar. Gosto do meu mundo clichê, blasé, alternativo, individualista e gosto de me ter só pra mim, desculpa. Gosto de me fechar no meu mundo e ser só minha e das artes. Gosto de morrer a cada minuto de vida, cada segundo de vida que dedico às minhas pequenas mortes. E é daí que tiro a maldita força pra continuar levantando da cama todo dia de manhã, ou de tarde quem sabe… quem sabe um dia eu desligo a música e viro covarde o suficiente pra me desligar do meu mundo? Quem sabe um dia acordo do meu sonho e tiro o pó do livro no meu colo e volto a lê-lo como se nada tivesse acontecido? É preciso ter cuidado pra mais tarde não sofrer… é preciso saber viver.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A + A = ♥


Ele mexe comigo, mesmo eu não querendo que isso aconteça, mesmo eu sabendo que não é recíproco o suficiente, mesmo eu sabendo que nunca vai dar certo. Eu sinto as borboletas no estômago quando "escuto" as três palavrinhas vindas dele, quando ele diz algumas frases mágicas, quando vejo seu sorriso mais sincero, quando vejo sua despreocupação com o cabelo desarrumado, sua cara de sono com os olhos que já eram pequenos quase fechados. Ah, como é bom te ver, como é bom saber que você existe, como é bom ouvir o seu boa noite. Sei lá, eu só posso dizer que te amo e não tem como negar isso, mesmo querendo, haha. Mas o pior de tudo é que a vida é injusta e afasta as pessoas e a distância acaba com tudo. Fazer o quê? Lembro de ti nos momentos mais inesperados do dia, lendo algo, andando na rua, ouvindo uma música, qualquer coisa. Tu me faz bem mesmo não sabendo, mesmo não sendo intencional. Até mesmo te ajudar me faz feliz. Até mesmo o teu oi faz o dia ficar melhor. E mesmo eu ficando decepcionada contigo por vários motivos às vezes, isso não dura muito, não consigo brigar contigo, não consigo ficar brava contigo, não vivo mais sem ti, isso é fato. Mesmo sentindo uma pontada de ciúmes no peito cada vez que leio algo verdadeiro que não é pra mim e talvez muito mais merecido, mesmo sofrendo por pouco (ou muito?), mesmo sendo de brincadeira e ao mesmo tempo tão real, mesmo assim te amo de verdade e não sei mais o que dizer, a real é essa, conviva com isso agora haha :*


"Adoro essa sua cara de sono e o timbre da sua voz"
(Pitty)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A vida passa assim como o curso do rio...


Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas (enlacemos as mãos)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses
Desenlacemos as mãos,
porque não vale a pena cansarmo-nos
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o
Colhamos flores, pega tu nelas e deixá-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento
Este momento em que sossegadamente
não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças
E se antes do que eu levares o bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te
assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
(Lídia - Ricardo Reis)

E eu estava só


Tempo vai, tempo vem, coisas mudam e eu estou aqui no dilema de sempre, o ciclo infinito, a história sim se repete e isso eu confirmo com a minha vida. Talvez com outro contexto, com outros personagens, mas eu continuo a mesma. Volta o sentimento de que não há nada no mundo que possa me fazer feliz, aquele desânimo, aquela falta de vontade. Aquela falta de vontade de viver. Aquele acordar só por sobreviver, a falta de vontade de parecer melhor, aquela falta de vontade até de se olhar no espelho. AQUELA depressão. Outra vez me vejo lendo histórias com milhares de clichês para ver se aquela sensação que eu sinto no meu coração possa me alegrar pelo menos por um pouco de tempo. Outra vez me vejo querendo chorar sem que as lágrimas toquem meus olhos, sem que haja um motivo aparente para isso. De novo me deparo comigo escutando aquelas músicas que talvez nunca fosse ouvir a não ser nessas situações. Outra vez me imagino tendo um final feliz ou apenas um final? Queria pelo menos um meio... De novo enxergo as minhas ilusões de perto e me culpo por elas, talvez se eu fosse diferente... mas aí não estaria sendo eu mesma. Canso de ouvir falar sobre "aquele" que me merece, que está por aparecer, por quem eu devo esperar pacientemente. Mas, como eu disse, eu canso. Sinceramente não sou qualquer uma, posso dizer isso porque me conheço, mas acabo agindo por meios que fazem com que talvez eu não pareça ser tudo o que sou. Talvez o campo de proteção que fica a minha volta desde que meu sapatinho de cristal se perdeu afaste todos aqueles que não tem força o suficiente para quebrá-lo. Mas quer saber? Isso machuca. Isso faz com que demore ainda mais, isso faz com que eu me sinta mais mal ainda se é que isso é possível. Só sei que dói. Dói a cada cena de amor: a cada beijo, a cada entrelaço de mão, a cada olhar apaixonado. E o mais estranho de tudo: não há um motivo personificado dessa vez, há apenas a falta dele. E que falta.




"E veio a noite, namorados se beijando e eu estava só..."